Black Lives Matter. Mas as vidas dos negros não importavam quando em tempos eram desumanamente transportadas como gado da África; as vidas dos negros não importavam quando eram atacados por cães quando protestavam por direitos de igualdade.
Com o ciclo semanal de notícias que incluem a morte de pelo menos um rapaz negro pelas mãos da polícia nos Estados Unidos ou o corpo de uma mulher negra atirado para o chão pela polícia local, emerge em todas nós a vontade de lutar pelos direitos humanos, defendendo a vida da comunidade negra.
Não precisamos de ter todas as respostas para que a nossa voz faça a diferença. Uma intenção autêntica de ouvir e de aprender será, sempre, um guia mais do que válido. Trata-se de sermos capazes de fazer a nossa parte – sem rótulos, sem meias-verdades. Ser antirracista é um processo contínuo e há que iniciá-lo, sabendo que haverá falhas pelo caminho.
A jornada para nos tornarmos verdadeiras aliadas da comunidade negra, orientando-nos para a ação, não é linear. Isto porque todos nós cometemos erros ao longo da vida e partir para a ações propriamente ditas exige esforço; exige que olhemos profundamente para dentro de nós, a fim de descobrirmos os nossos apegos. Apegos a preconceitos; apegos a escolhas; apegos a padrões de pensamento opressores.
O racismo é um problema global e está em toda a parte. Mas o primeiro passo para contribuirmos para a mudança pode dar-se quando entendemos os nossos privilégios e o que estes significam. E entender o racismo, em vez de o sentir na pele, é um privilégio. Devemos continuar a educar-nos, a nós e aos que nos rodeiam, caso contrário as atrocidades nunca cessarão.
Afirmar que a vida dos negros é importante não insinua que as outras vidas não o são.
Quando se afirma que a vida dos negros é importante, não se está a querer dizer que as outras vidas não o são – claro que todas as vidas têm valor. Mas será que temos mesmo de o dizer dessa forma? O movimento Black Lives Matter é sobre igualdade. Uma igualdade que estamos longe de atingir.
Será que a sociedade serve e protege as «vidas negras» da mesma forma que as «brancas»? Até que ponto existe justiça para com a comunidade negra? Estará ela presente em cada assassinato injustificado, em cada discriminação e atitude preconceituosa? Se tentarmos responder a tudo isto, rapidamente compreenderemos que é tempo de fazermos parte desta mudança – todos os dias.
Pergunte-se: que privilégios e preconceitos tem? Quais são os assuntos onde sente que precisa de se reeducar? Como transformar em ações concretas o que está a aprender sobre o antirracismo? Questione-se, sem nunca deixar de tentar. Continue a aprender e a ser tolerante e empática com o próximo, pois a partir de pequenos gestos podemos gerar uma enorme diferença.
Faça a sua parte. Leia livros que desafiem os seus preconceitos, conheça pessoas de outras raças, assista a filmes ou a documentários que desconstruam os seus padrões e crenças. E, acima de tudo, não feche os olhos quando se deparar com um ato racista, seja ele grande ou pequeno. É tempo de agir, já.