Reflexões a Seguir Nesta Quarentena e a Importância do J.O.M.O.

Com tudo o que está a acontecer no mundo e passando a maior parte do nosso tempo em casa, a proposta é essencialmente uma: atravessar esta crise da forma mais alegre possível. Como? Seguindo as premissas J.O.M.O. (Joy Of Missing Out) em substituição do comportamento F.O.M.O. (Fear Of Missing Out).

Pode parecer um tanto ou quanto utópico que, de um momento para o outro, consigamos sair graciosamente da vibração de não querermos perder tudo o que está a acontecer no mundo para entrarmos na filosofia contrária: a da alegria de perder (J.O.M.O.). Mas é possível. Só precisamos de uma mudança mental e física que nos ajude a encontrar alegria em abraçar o nosso verdadeiro caminho.

A sensação de que estamos a perder algo – e o medo que lhe é inerente – é comum a todas nós. No entanto, é importante tentar libertar todo esse receio e encontrar a paz e a alegria no facto de sermos capazes de dizer “não” a algo que não contribui para o nosso bem-estar. No fundo, trata-se de saber ouvir a sua intuição e de saber discernir quando é que tem mesmo de dizer “sim” e quando pode seguir outra direção.

A produtividade, o empreendedorismo e todos os tipos de competição são algo fortemente imposto pela sociedade. E com essa imposição surge a expectativa – normalmente muito alta – à qual é difícil atender, algo que gera a sensação de que nada do que fazemos é suficiente. Quer isto dizer que esta constante necessidade de superação se pode transformar em algo exaustivo, principalmente em termos emocionais.

Quase todas as religiões e estilos de vida nos ensinam que a verdadeira felicidade vem de dentro – não vem de concretizações; não vem de outras pessoas; não vem de campos materiais. Assim, a necessidade energética de nos sentirmos tranquilizadas por algo que «vem de fora» pode ser um sinal claro de que os nossos desejos e interesses internos estão a ser ignorados. Mas o verdadeiro ladrão da alegria é o ato de nos deixarmos contaminar precisamente pelas informações externas, nomeadamente pela comparação com o outro.

Quando é que conseguimos viver um estilo de vida J.O.M.O.?

É quando descobrimos aquilo que verdadeiramente nos apaixona que nos alinhamos com o que nos traz felicidade pura. E esse alinhamento é a liberdade de viver na alegria de perder (J.O.M.O.). No fundo, é focar a nossa atenção somente naquilo que nos é realmente essencial.

Seja grata.

É o sentimento de falta de gratidão que origina, primeiramente, o medo de perder. Sempre que procuramos experiências, pessoas ou emoções para preencher aquilo que consideramos estar vazio, estamos a negar a premissa de que a felicidade vem de dentro. É por isso que é tão importante sintonizarmo-nos e ficarmos mais conscientes acerca de tudo o que nos rodeia e do tipo de pessoas que escolhemos ter ao nosso lado. O estado mais alto de felicidade atinge-se, também, através da aceitação.

Aceitar o que não podemos mudar é um dos primeiros passos para sermos capazes de agradecer o que de mais belo existe na nossa vida.

Abandone a sensação de «falta».

O pensamento continuado de que está sempre algo em falta desaparece assim que nos concentramos no nosso poder interior. A alegria surge quando nos apercebemos de que não estamos a perder nada que seja essencial à nossa felicidade e harmonia interior. O que lhe trouxe alegria nos últimos tempos? Ter mais tempo para si? O contacto com a Natureza? Qualquer que seja a resposta, uma coisa é certa: ela simboliza a sua capacidade de agradecer.

Cultive o tempo a sós.

O seu tempo é sagrado. Use-o para escrever um diário de gratidão e anotar todas as coisas que estão a correr bem (pequenos momentos ao longo do dia que lhe trazem felicidade). Desfrute dos prazeres mais simples: uma conversa com uma amiga, uma leitura no sofá, uma chávena de café…

Questione-se.

O que levaria para uma ilha deserta? O que salvaria se a sua casa estivesse a arder? Perguntas como estas podem fazer com que reflita sobre aquilo que realmente lhe é essencial. E ficar em casa pode ser a ocasião perfeita para meditar sobre isso mesmo. A quarentena obriga-nos a parar o que estamos a fazer e é importante retirar o melhor que ela tem para nos dar: a oportunidade de nos tornarmos melhores.

Desconecte-se e aprecie o silêncio.

Por vezes, é no silêncio que se encontram as respostas. Estar em casa permite-nos desconectar, mas a Internet está sempre lá, algo que nos continua a aproximar de tudo o que acontece lá fora.

Será que a calma e a reflexão fazem parte do seu plano? Ou tem medo de ficar sozinha consigo mesma? Há sempre algo que precisamos de melhorar na nossa vida. Este é o momento ideal para fazer esses reparos e encontrar soluções.

Não sinta pressão para ser produtiva a todas as horas do dia.

A produtividade faz com que nos sintamos satisfeitas, na maioria dos casos. No entanto, estamos todas no mesmo barco. Não pense que está a falhar ao tirar uma folga e desligar-se da constante necessidade de conseguir fazer algo.

Veja o LADO BOM das situações.

Os nossos planos mudaram, sim. Não por nossa livre e espontânea vontade, mas porque o mundo precisava disso. Ainda assim, podemos olhar para tudo isto como uma oportunidade de dedicar tempo às coisas que, muitas vezes queríamos fazer, mas não podíamos, porque não tínhamos tempo.

O segredo está em transformar o comum em extraordinário! Como? Melhorando a decoração da casa, transformando o prato simples no melhor prato de sempre, entre outros gestos simples. É a energia que colocamos nas coisas que lhes dá força.

Não fique à deriva!

Em vez de pensar na quarentena como algo que a deixa triste e pouco ativa, não se permita ficar à deriva nesta maré de desafios. Assuma o controlo da situação e não perca a sua energia. Faça algo por si, ao invés de ficar sentada, à espera que venha uma onda que a leve.

Quanto tudo isto terminar, poderá olhar para trás e perceber que valeu a pena aproveitar bem o tempo. Decerto que, se se esforçar um pouco, ficará orgulhosa em ver como deu os passos na direção certa. Vai ficar tudo bem. Acredite. Estamos nisto juntas.

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