Saiba Como Preparar o Corpo Para a Gravidez

A mulher, enquanto ser extraordinário que é, passa por várias transformações físicas e emocionais ao longo da sua vida. Na adolescência, passa pela transformação física que implica o crescimento das «maminhas», o aparecimento dos pelos púbicos e o surgimento do período. Passa, ainda, por todas as transformações emocionais e de personalidade tão características da adolescência. 

Segue-se a fase adulta e entramos no mercado de trabalho, na responsabilidade e na ambição de crescer profissional e familiarmente. Algumas de nós, começam a sentir o desejo de serem mães; outras nunca chegam a experimentar esse chamamento — e está tudo bem.

A importância do autoconhecimento na gravidez

Quando a mulher engravida — por mais que possa parecer cliché —, tudo muda, física e emocionalmente, alterando-se, também, a nossa perspetiva de vida. É nesta altura que a mulher procura saber mais sobre o seu corpo. Procura comer melhor, exercitar-se e obter mais informação sobre o parto e sobre a maternidade, de forma a sentir e a ouvir o seu corpo. 

O conhecimento do nosso corpo traz-nos inúmeros benefícios, especialmente durante a gravidez. O perceber e sentir o movimento no corpo; onde se situa o nosso corpo no espaço; as suas «delimitações» (por exemplo, a pélvis); ir rodeando os ossos ilíacos, perceber onde é o sacro, o cóccix, etc., empodera a mulher sobre o seu corpo, ajudando-a a aprender a «ouvir» e, mais importante, dando-lhe uma confiança acrescida para o momento do parto e do pós parto. 

Na maioria das minhas consultas, recebo mulheres no pós-parto que afirmam que só começaram a conhecer melhor o seu corpo com a gravidez ou até depois do parto. É nesta altura (ou deveria ser) que a mulher se permite escutar e sentir.

Uma das frases que constantemente reproduzo vem na primeira página de um livro que adoro, Método Para um Parto Suave, de Gowri Motha: “Sempre me intrigou o facto de muitas grávidas passarem mais tempo a preparar o quarto do bebé do que o seu o próprio corpo”. E porquê? 

Algo tão transformador como a gravidez deveria ser vivido em pleno. Se devemos exercitar o nosso corpo, também devemos olhar para esta fase, para esta altura tão bonita da mulher, como uma oportunidade para procurar um tipo de prática que nos permita conhecer melhor o nosso corpo e que nos conecte com o movimento (mesmo que, por exemplo, o treino intenso já faça parte da rotina).

Uma nota extremamente importante: não deve compensar o «tempo perdido» e iniciar um treino intenso na gravidez quando antes este não fazia parte do seu dia a dia. 

A mulher deve, sim, praticar exercício físico durante a gestação, e deve encontrar uma prática que lhe permita movimentar-se e preparar o seu corpo para o parto. Por exemplo, numa fase como esta, o pilates é uma excelente alternativa, uma vez que é de baixo impacto, treinando a consciência corporal e postural e preparando o corpo para as mudanças inerentes à gravidez e ao parto, com exercícios de mobilidade pélvica e da coluna, exercícios respiratórios e exercícios de fortalecimento. 

O importante é usufruir em pleno da gravidez, em todas as suas vertentes — física e emocional. Pode, ainda, procurar uma fisioterapeuta pélvica para a guiar no autoconhecimento do corpo, realizando uma avaliação criteriosa que a prepare para o momento especial que é o parto. 


Texto: Ana Sofia Pires, fisioterapeuta da mulher, cofundadora do gabinete FisioDuasMãos e fundadora da página @fisio_mulher_e_mae.

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