Em agosto do ano passado, a Frederica lançava o terceiro número da sua revista impressa, onde Lillian Barros, nutricionista, explicava que os probióticos consistiam em "microrganismos (bactérias boas) que, quando administrados em quantidades adequadas, conferiam diversos benefícios à nossa saúde". O meio externo – stress, poluição e alimentação – pode alterar a harmonia das concentrações de bactérias existentes nos nossos intestinos. E a alimentação desadequada, o excesso de trabalho, a falta de descanso e as agressões do meio ambiente são, não raras vezes, responsáveis por estes desequilíbrios. Por isso, "a sua reposição é fundamental para conseguirmos restaurar o equilíbrio e a harmonia geral", sendo que, para isso, podemos procurar estes componentes em "alimentos fermentados (iogurtes, leites, chucrute, miso, kefir, kombucha, etc.) ou em suplementos".
Nas palavras da especialista em nutrição, "cada indivíduo tem uma microbiota única, que é composta por biliões de organismos microscópicos que vivem no corpo. E conforme o estilo de vida e a alimentação de cada um, as várias populações de bactérias podem estar em maior ou menor quantidade, influenciando o funcionamento do nosso organismo e a nossa saúde". O facto é que, nos últimos tempos, o tema central das conversas nutricionais não se limita apenas aos probióticos — existem, também, os prebióticos e os pós-bióticos. Mas, afinal, o que distingue os três?
Num artigo publicado em 2020, a GQ Brasil entrevistou duas farmacêuticas — Dr.ª Cláudia Coral e Dr.ª Joyce Rodrigues —, onde estas esclarecem que "os probióticos são microrganismos vivos que têm a capacidade de reequilibrar o microbioma intestinal"; que "os pós-bióticos são produtos do metabolismo desses probióticos que, devido à sua bioatividade, podem imitar os efeitos benéficos dos probióticos"; e que "os prebióticos são substâncias que servem como alimento para os microrganismos, influenciando de forma positiva o seu desenvolvimento (funcionando como alimento para as bactérias boas)".
Simplificando, existe uma relação simbiótica entre todos: os prebióticos precedem os probióticos, que precedem os pós-bióticos. Os pós-bióticos, por sua vez, promovem o uso de prebióticos. "Podem ser consumidos na forma de alimentos ricos em fibras ou na forma de suplementação com a fibra prebiótica purificada". A associação de diferentes probióticos pode, ainda, trazer-nos inúmeros benefícios, possibilitando, por exemplo, a produção de neurotransmissores específicos capazes de nos deixar mais relaxadas em momentos de maior tensão.
Benefícios dos pós-bióticos para a pele
Segundo Joyce Rodrigues, o "pós-biótico age na limpeza cutânea, pois é altamente benéfico para o equilíbrio do microbioma, responsável pela regularização do sistema imunológico humano, em condições inflamatórias, sendo capaz de aliviar esse processo como um todo". Na pele, o pós-biótico "atua de forma a impulsionar as bactérias necessárias para se atingir o equilíbrio da microbiota (conjunto dos microrganismos que se encontram naturalmente associados a determinados tecidos)". Através desse equilíbrio, "é possível ter o controlo de problemas como a acne, por exemplo".
No que diz respeito à saúde da microbiota, "o pós-biótico é a mais recente tecnologia desenvolvida" com vista a "equilibrar os microrganismos existentes na pele", menciona Joyce Rodrigues à GQ Brasil, adiantando que "a acne e as manchas da pele refletem uma redução na proteção antimicrobiana e desequilíbrio na microbiota cutânea, e é nesse ponto que o pós-biótico age". Além de limpar a pele e retirar as bactérias que não são positivas, ele ainda "estimula o que cada pele precisa com o objetivo de a equilibrar". O resultado? Uma aparência mais saudável e um maior controlo das inflamações.
À mesma publicação, Claudia Coral esclarece que "não é possível aumentar naturalmente a produção de pós-bióticos, pois o pós-biótico é um produto do metabolismo de um microrganismo. Através da alimentação saudável, é possível melhorar a saúde intestinal, mas a suplementação com prebióticos e probióticos ajuda muito, já que nem sempre nos alimentamos bem".
Propriedades antimicrobianas
Tanto os probióticos como os pós-bióticos têm a função de proporcionar ao intestino um ecossistema que favoreça o crescimento de bactérias boas, não permitindo a proliferação de bactérias infeciosas. O «efeito de substituição», em coordenação com as propriedades de combate às bactérias dos pós-bióticos, ajuda a combater determinadas infeções.
Redução de açúcar no sangue
Foi demonstrado que a falta de equilíbrio dos micróbios intestinais contribui para a obesidade e para a resistência à insulina. Um estudo revelou que um componente bacteriano pós-biótico (MDP) aliviava a intolerância à glicose, aumentando a sensibilidade à insulina. Aparentemente, este pós-biótico desempenha um papel importante no combate à diabetes.
Fontes de pós-bióticos
De acordo com o Meridian Chiropractic Health Center — centro de medicina funcional americano, especializado em fitoterapia e programas de alimentos funcionais especificamente projetados — uma vez que os pós-bióticos são um subproduto da fermentação probiótica, a fonte direta dos pós-bióticos são os probióticos. Assim, os alimentos que podem ajudar a aumentar a concentração de pós-bióticos no intestino são:
1. Iogurte;
2. Kefir;
3. Pão Sourdough;
4. Queijos macios;
5. Soro de leite;
6. Pickles;
7. Tempeh.
Os pós-bióticos podem, ainda, ser produzidos e extraídos em laboratórios para uso terapêutico, além de poderem ser administrados por meio de suplementação. Possivelmente, estes microrganismos vivos serão o próximo componente promissor de melhoria da saúde alimentar. No entanto, a toma de um suplemento que se destine a aumentar a concentração pós-biótica não se traduzirá em melhorias significativas para a saúde sem que sejam feitas mudanças significativas no seu estilo de vida. Opte por alimentos ricos em nutrientes e leves em calorias, beba água e pratique exercício físico, pois só este conjunto de ações fortificará todos os objetivos que se relacionem com uma vida mais saudável e equilibrada.