Pode não ser uma situação carregada de charme, mas é real: os gases vaginais existem e podem acontecer nos momentos mais inoportunos (durante uma relação sexual ou a meio de uma aula de yoga, por exemplo). Se já aconteceu consigo, não precisa de se sentir um E.T., pois esta é considerada uma ocorrência normal, que surge quando o ar fica preso dentro da vagina e é libertado, causando um som semelhante ao da flatulência comum. Este som é provocado pela passagem do ar entre a abertura da vagina ou, durante o sexo, quando o ar passa entre a parte externa da abertura vaginal e o pénis. Pode tratar-se de uma situação pontual, mas também pode ser um sintoma de uma condição médica que precise de ser tratada.
CAUSAS
Durante a relação sexual, a abertura da vagina dá-se e, dependendo da posição, as paredes vaginais podem desencostar-se do pénis, permitindo a entrada de ar. A partir daí, a libertação do ar acontece e a emissão do som que, para muitos pode ser constrangedor, acontece. Em casos de flacidez vaginal, este fenómeno pode ocorrer com maior regularidade. No entanto, além da atividade sexual, existem outras causas que podem desencadear os gases vaginais, nomeadamente:
- A disfunção do assoalho pélvico, que pode repercutir-se em vários problemas que surgem quando a musculatura do assoalho pélvico não funciona adequadamente;
- A fístula vaginal, que consiste numa comunicação anómala entre a vagina e outro órgão interno abdominal ou pélvico.
POMPOARISMO COMO RESPOSTA AOS GASES VAGINAIS
Para evitar os gases vaginais, é importante fortalecer a musculatura do assoalho pélvico através da prática de ginástica íntima, também conhecida como pompoarismo, técnica milenar que tem como foco o fortalecimento da musculatura pélvica.
Pressupondo uma série de exercícios para o canal vaginal, com o objetivo de fortalecer a musculatura e estimular a contração do períneo e da vagina, através de diferentes movimentos de contração e relaxamento do canal vaginal, o pompoarismo contribui para uma melhoria da saúde íntima feminina, proporcionando à mulher uma maior consciência do seu corpo e ajudando-a a controlar as contrações do seu canal vaginal, diminuindo os gases vaginais.
Possibilitando que as praticantes aprendam a lidar melhor com a sua sexualidade, estes exercícios permitem também que, no momento da penetração, a mulher consiga aumentar a fricção entre o pénis e a vagina, tornando a relação sexual mais prazerosa e facilitando o orgasmo.
Muitas mulheres relatam sentir dor na hora da relação com penetração, uma vez que contraem a vulva involuntariamente. Neste tipo de circunstância, o pompoarismo pode ajudar, uma vez que permite que a mulher tenha mais controlo sobre essas contrações.
Esta ginástica íntima vai além da performance sexual em casal, podendo ser feita de forma natural ou com o auxílio de determinados acessórios, como as conhecidas bolas tailandesas, que são colocadas na entrada da vagina e que, com determinados movimentos, são sugadas e expelidas para um maior controlo da região do períneo.
ORIGEM E BENEFÍCIOS
Intimamente ligado ao Tantra – filosofia hindu que olha para o corpo humano como um meio para atingir o conhecimento –, o pompoarismo tem como propósito o prolongamento e a intensificação do prazer durante a relação sexual, a fim de beneficiar a saúde de quem o pratica.
Pese embora esta técnica esteja associada ao sexo feminino, também pode ser praticada por homens, para estimular o aumento do tempo entre a excitação e o orgasmo e para tratar problemas de ejaculação precoce.
De acordo com Gabriela Ostronoff, terapeuta tântrica, embora “a técnica ainda seja pouco explorada pela população ocidental, em países como a Índia ela é passada de mãe para filha, com o objetivo de aumentar o prazer sexual". Segundo a especialista, entre os vários benefícios desta prática, destacam-se:
- O fortalecimento dos músculos da vagina e a tonificação dos órgãos genitais;
- A prevenção e ajuda no tratamento da incontinência urinária;
- A diminuição das cólicas menstruais;
- O aumento da libido e a intensificação dos orgasmos;
- O auxílio na eliminação da dor durante a relação sexual com penetração.
AS TÉCNICAS
Existem várias técnicas de pompoarismo e, para garantir bons resultados, é importante comprometer-se com uma prática regular. Segundo Roberta Struzani, terapeuta especializada em sexualidade e saúde ginecológica, é fundamental “procurar ajuda especializada numa primeira fase, a fim de obter orientação sobre o seu tipo de musculatura e descobrir qual o melhor treino para melhores resultados”.
Segundo a especialista, existem alguns exercícios que podem ser realizados por qualquer mulher, independentemente do seu tipo de musculatura:
- Contração, através de cinco séries de 30 contrações do canal vaginal em intervalos de 1 minuto (como se estivesse a aguentar a urina), aumentando o número de séries e diminuindo o intervalo de tempo;
- Relaxamento da musculatura vaginal, adicionando ao movimento de contração o relaxamento (a sensação de força para expelir a urina; primeiro uma contração forte e depois um relaxamento intenso por até cinco segundos numa série de 10);
- Fortalecimento da musculatura vaginal, com quatro séries de 25 contrações, fazendo movimentos leves de expulsão da urina, seguidos de fortes contrações;
- Respiração, inspirando, contraindo os músculos da vagina e depois expirando e relaxando.
CONTRAINDICAÇÕES
O pompoarismo não deve ser praticado por grávidas, nem por mulheres que tenham colocado o DIU recentemente ou que tenham infeções vaginais. Em todo o caso, antes de praticar estes exercícios, consulte o seu médico, a fim de compreender se esta é, ou não, a solução mais indicada para o seu caso.
Fontes: Healthline, Tantra Yoga Lab, Personare e Genuine Tantric
Este artigo serve apenas para fins informativos, não pretendendo ser substituto de um diagnóstico, aconselhamento ou tratamento médico profissional. Nenhuma informação contida neste artigo ou fornecida de outra forma em frederica.pt tem como objetivo diagnosticar, tratar ou curar qualquer paciente ou deve ser considerada como aconselhamento médico ou prática de medicina.