Como Sobreviver a um Divórcio (Nos Dias Que Correm)?

Ainda que não seja um divórcio oficial, é um rompimento, é um corte, é um desenlaçar do outro. É, portanto, sofrimento. Claro que, quem quer a separação, não sofre tanto. Quem não quer, quem continuaria agarrado ao outro ser, tem mais dor. Claro que sim. Muito mais nesta nova era.

A sociedade atual tem-se privado da sociabilização. E, isso, por si só, já é um desenlace. Por esta razão, temos de perceber que, em novos tempos, têm de surgir novos «momentos». Algumas das dicas, que habitualmente se davam nestas circunstâncias podem estar obsoletas porque, pura e simplesmente, não as podemos pôr em prática.

E tudo o que não se pode executar, experimentar, tudo o que o corpo não sente, não faz rigorosamente nada ao nosso Eu. Sem dúvida que quando estamos a passar por um desgosto amoroso precisamos de fazer o nosso luto. Esse processo implica estar algumas vezes sozinha, sim. Implica chorar e ficarmos um pouco numa autocomiseração. Mas um pouco, somente. Caso contrário, vamos alimentar um processo depressivo que pode pôr em risco a nossa saúde a nível geral.

Verdade se diga que não há ninguém que mereça que fique doente por sua causa. Vejamos, então, o que pode fazer para começar a minimizar o seu sofrimento. Antes disso, porém, é importante lembrar que tipo de sentimentos, emoções e sensações são mais usuais nesta situação:

  • Desespero;
  • Revolta;
  • Sensação de vazio;
  • Insegurança;
  • Tristeza;
  • Sensação de solidão acentuada;
  • Dúvida sobre si mesma e sobre o que os outros acham de si;
  • Apatia, etc.

Os «sintomas» acima descritos podem não ser todos evidentes e uns até podem ser o gatilho de outros. O certo é que a maioria deles origina, como é hábito dizer-se, uma baixa autoestima e tendência para uma bola de neve. Por exemplo: o facto de se sentir muito sozinha, como se lhe faltasse um pedaço de si, pode originar tristeza, sensação de vazio e por aí adiante.

Sendo normal sentir algumas, ou quase todas estas sensações, o que preocupa é a quantidade de vezes que as sente e durante quanto tempo. Como em tudo na vida, o que faz mal é a quantidade e a duração. Não é prejudicial comer uma sobremesa de vez em quando, mas pode ser menos bom para a nossa saúde se todos os dias o fizermos depois das refeições.

Logo, não pode permitir que essa máquina maquiavélica sentimental se apodere de si. Não. Tem de ser você a geri-la. Talvez ache que perdeu a sua alma gémea. Talvez ache que essa dor nunca vai passar. Relaxe. A dor não é um braço, não é uma perna. Ela pode passar, por mais profunda que seja. Ou acalmar, ficar mais leve.

Antes de dicas mais concretas, tendo em conta o nosso «novo normal», preciso que reflita nisto:

  • Acha, mesmo, que perdeu a sua alma gémea, ou que não é alma gémea, mas sim um grande «complemento» do seu Eu? Sabia que, quase todas as teorias sobre as almas gémeas, afirmam que a maioria das vezes essas pessoas não nasceram para viver juntas? É verdade, dizem esses estudiosos. Precisam de estar em contacto, mas não conseguem coabitar no mesmo espaço e/ou não conseguem manter um relacionamento amoroso harmonioso. Vale a pena pensar nisto desta forma.
  • Julga que nunca mais vai encontrar ninguém como el@ ou que nunca mais vai conseguir amar, de novo, assim? Bom, até pode ter alguma razão, pelo simples facto de que ninguém é igual a ninguém, e porque existem seres humanos que nos fazem sentir coisas extraordinárias. Mas muitos, também, nos fazem sentir que estamos dependentes deles. E, similarmente, nos destroem por dentro, porque isso não é saudável. Se está a sentir que aquela pessoa era a especial, tente lembrar-se de que antes dessa pessoa aparecer você já tinha uma vida. Como digo acima, essa pessoa, tal como a dor que provoca em si, não é um braço nem uma perna do seu corpo. Vai ver que o amor vai chegar outra vez.

Para tal, tem de se abrir. Tem de deixar o velho e dar guarida ao novo. Não estou a falar, ainda, de um novo amor. Comece por dar lugar a um novo pensamento, de forma a ter um novo comportamento e um resultado diferente a nível de sentimentos e emoções. Nesta nova era, aconselha-se que:

  • Volte a cuidar de si fisicamente, mesmo que esteja em teletrabalho, ou que não vá a lado nenhum e não lhe apeteça de todo! Não há nada mais chato, e perigoso, que ficarmos demasiado tempo com pena de nós próprias. Força! Veja-se ao espelho outra vez e goste de si! Nota: é importante o exercício físico, nem que seja a caminhada. Vai fazê-la sentir-se mais bem-disposta, tanto física como mentalmente.
  • Sociabilize. Ainda que não o faça com todos os que habitualmente sociabilizava, encontre-se com uma amiga ou amigo e divirta-se! Se não se puder encontrar presencialmente, faça-o por chamada. Contudo, não se isole demais. O isolamento excessivo vai acentuar a sensação de solidão, ainda que inconscientemente, e aumentar o estado depressivo. (Advertência: a videochamada pode cansar muito e, se for depois das 19h/20h, deve colocar o dispositivo com luz noturna. Caso contrário, vai sentir mais cansaço e a luz azul vai fazer com que o seu cérebro julgue que ainda é muito cedo, alimentando a insónia. A privação do sono promove a depressão e a ansiedade.).
  • Faça uma nova gestão das suas redes sociais. «Olhos que não veem, coração que não sente», e é bem verdade. Tem a certeza de que quer continuar «amiga» dessa pessoa? Isso até pode ser ótimo quando acontece naturalmente. Mas, consegue tal feito, sem se martirizar? Quer ver todos os passos que ela dá (e com quem dá)? Pense bem. É que isso pode magoar, e muito. E não, não é falta de educação deixar de a seguir nas redes sociais. Falta de educação seria ofender essa pessoa, só porque está magoada, e é ofender-se a si, sendo masoquista.
  • Redecore a casa ou mude o sítio dos móveis e objetos! Mesmo que não estivessem a viver juntos, presumo que essa pessoa tenha estado consigo, ali, naqueles locais que constituem o seu lar. Como tal, mude. Mude os sítios das coisas e aproveite para redecorar a casa, nem que seja reciclando algumas coisas e reutilizando outras. Aproveite e liberte-se. Crie!
  • Invista num novo projeto. Lembra-se daquilo que tem adiado? Ou daquele curso que adorava fazer? Pois bem, está na altura de pôr em prática esses sonhos. Não tem dinheiro para o curso que pretende? Invista, por enquanto, o seu tempo em versões gratuitas. Na Internet, tem imensos cursos cedidos, até por prestigiadas universidades (veja sites como o FUTURLEARN, COURSERA, etc.). Navegue e arrisque. Vai fazer-lhe bem.
  • Evite ouvir músicas e ver filmes que lhe suscitem emoções fortes e/ou memórias sobre esse seu relacionamento. Ouça músicas alegres, mas que não estejam associadas a momentos a dois. Também pode ouvir músicas calmas que não a deixem triste, como as adequadas para momentos de meditação ou práticas como o Yoga, o Reiki, o Chi Kung, etc. Veja filmes cujo objetivo seja rir (ou pelo menos sorrir) e, de preferência, que não acabem mal.
  • Evite o álcool e substâncias que possam provocar um estado alterado de consciência, de forma artificial. É tempo perdido porque, depois, a realidade volta a aparecer (ademais, em excesso, essas sustâncias são péssimas para a saúde a nível geral). Quando a realidade volta a aparecer, a tendência é ficar ainda mais depressiva e sem força. Se sentir essa necessidade, pode sempre começar a fazer meditação transcendental. Pode ver (ouvir!) um exemplo de um desses momentos aqui, na Frederica, através desta ligação.
  • Pratique Mindfulness! Insira, na sua vida, este conceito maravilhoso da Atenção Plena, que com as suas práticas, tanto meditativas como cognitivas, a irão ajudar a não estar tão presa ao passado e a minimizar a ânsia do futuro. Um dia de cada vez, será a melhor forma de viver. Este livro pode ajudá-la a começar a compreender a importância do aqui e agora, bem como dar-lhe as bases que tanto precisa para se voltar a equilibrar.
  • Partilhe o que tiver de partilhar e não complique. Não é nada fácil quando, por exemplo, o casal tem filhos. Garanto-lhe, porém, que na maioria das vezes esta situação se torna mais difícil de gerir porque a complicamos. Um de nós não facilita e, geralmente, é o que está mais magoado. Só que isso repercute-se nos filhos. E não foram eles que pediram o divórcio ou a separação. Leia (ou ouça) temas ligados à parentalidade no divórcio, e relativize. Não é fácil, mas o seu Eu e o dos seus filhos merece esse esforço. Sobre estas temáticas, aconselho a coach Andreia Carvalho (@andreiacarvalho.coach), a coach Vanessa Colaço (@pt_crown) e a SMART Mindful Kids (@s.m.a.r.t_mindfulkids), mais indicada para os filhos (Gestão das Emoções).

Não obstante tudo isto, é importante referir que não tem importância se achar que sozinha não consegue superar este momento de dor. Tem importância é se, nesse caso, não pedir ajuda. Uma mão de alguém, principalmente de um profissional competente para o efeito, pode fazer milagres. E você merece esse milagre, agora e sempre. Como tal, inspire, expire e levante o queixo. O mundo está à sua espera.


Vanda do Nascimento é terapeuta, formadora e instrutora de Mindfulness na Escola de Mindfulness Essencial, fundada por si em 2016. Começou, em 1997, a sua carreira como professora, ao licenciar-se em Educação. Nessa mesma data, também iniciou os seus estudos em Reiki, Meditação e Atenção Plena. Posteriormente, enveredou pelos caminhos da Psicologia e aprofundou, ainda mais, a temática do Mindfulness, de forma a continuar a sua luta no controlo do stress e da ansiedade.

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