O sexo na gravidez ainda é um tabu para algumas mulheres e um problema em muitos casais. O receio de um aborto, de magoar o bebé ou de provocar o parto aflige muitos pais e é hora de desmistificar o tema.
Grávida ou não, o mais importante é que este ato seja consensual e prazeroso. Apesar de muitas grávidas afirmarem que se sentem mais excitadas durante a gestação, é normal que isso não aconteça e que se tenha mais vontade em certas alturas e menos vontade noutras, devido à lubrificação e à flutuação das hormonas. A grande questão é: será seguro fazer sexo durante a gravidez?
Sexo durante a gravidez
Fazer sexo durante a gestação é seguro. A menos que tenha alguma condição médica que a impeça de continuar a sua atividade sexual, ter relações sexuais é saudável, quer para si, quer para o parceiro ou para o bebé. Laura Gomes, de 25 anos, foi mãe há um ano e revela-nos um pouco da sua experiência, partilhando as suas limitações: “Nos primeiros três meses da gravidez, senti que estava sempre num barco e tinha muitos enjoos, então parei por completo durante três meses; fizemos duas vezes no máximo. O segundo trimestre foi melhor e conseguimos fazer mais coisas, mas com posições limitadas, como é óbvio”.
Um dos medos que mais aflige os futuros pais é o de que o sexo possa magoar o bebé. A verdade é que o bebé está protegido dentro do saco amniótico e, como tal, não existe forma de o pénis chegar até ele, não sendo possível magoá-lo. Da mesma forma, o medo de que o sexo cause um aborto fica também descartado, uma vez que não há contacto entre o pénis e o bebé.
Comunicar abertamente
Na questão do sexo durante a gravidez, o mais importante é que o casal fale abertamente, esclareça as dúvidas com o médico que está a acompanhar a gravidez e decida o que faz sentido para ambos. Independentemente de qualquer que seja a posição escolhida ou da frequência das relações sexuais, é muito importante que o sexo seja consensual e prazeroso para os dois (sobretudo, para a grávida, que tantas mudanças sofre ao longo da gestação).
Depois do parto, recomenda-se que a vida sexual só seja retomada de quatro a seis semanas depois, porque o corpo da mulher precisa de tempo para recuperar: “Os órgãos precisam de tempo para voltar ao sítio (se tivermos um parto vaginal, podemos ter pontos)”, relata Laura.
Sexo no pós-parto
Nem todas as mulheres passam pela mesma experiência de pós-parto. No caso de Laura, foi perguntado à enfermeira qual seria a altura ideal para retomar as relações sexuais, tendo esta recomendado que voltassem a ter sexo quando ambos se sentissem preparados. Contudo, segundo o testemunho de Laura, tal não corresponde à realidade: "Eu e o meu namorado fizemos, erradamente, duas semanas após o parto e foi horroroso. Doeu, não foi nada prazeroso. Depois dessa experiência, ganhei um bocado de medo e durante os primeiros dois meses não voltou a acontecer”, partilha Laura.
Como é que se retoma a vida sexual depois de se ter um bebé? Nas palavras de Laura, “nunca mais é igual". "Entre fraldas e biberons, um corpo a reconstituir-se, baby blues... não conseguimos regressar aos velhos tempos, mas, enquanto casal, falamos muito sobre isso”, conta.
Para Laura Gomes e para muitas outras mulheres, muda também a predisposição para o ato sexual: “Se antes estavas sempre com um fôlego enorme para fazer sexo, porque amas aquele homem e porque tudo nele te excita, depois de seres mãe chegas à cama de rastos e tens de decidir: ou fazes sexo, ou aproveitas o tempo que tens antes de dormir e vês um filme na sua companhia, algo que é também importante na dinâmica do casal”, explica.
Tal como na questão de fazer ou não sexo na gravidez, no pós-parto, a comunicação entre o casal é essencial. “O que tem funcionado melhor connosco é o sexo oral, porque é uma coisa mais rápida. Satisfaz na mesma e dá para fazer em sítios diferentes, como no carro ou no duche”, conclui Laura. Dentro da dinâmica de cada relação, ambas as partes devem decidir o que faz sentido para si e como pretendem manter os velhos hábitos depois de iniciarem esta nova vida enquanto pais.
Se está grávida ou foi mãe recentemente, informe-se com o seu médico para perceber se é, ou não, aconselhável retomar a sua vida sexual depois de dar à luz.