Permita-se Desligar e Aproveitar as Férias Para Descansar

Quando agendamos as férias de verão, o Sol ilumina o nosso rosto através de um sorriso aberto que não se consegue dissipar. Não obstante, na maioria das vezes, quando o tempo avança e nos traz o momento de começar a preparar o tão merecido período de suposto descanso, algo acontece: a ansiedade acorda porque o stress que daí advém faz o favor de nos relembrar que, afinal, ir de férias pode ser um momento cansativo ou até mesmo um pouco caótico.

A mente, que tudo gere, fica preenchida com as mais diversas questões e consequentes receios. Seja porque vai de férias com o cônjuge e os filhos ou porque até não tem filhos, mas vai com os sogros, pais ou amigos, as preocupações podem ser semelhantes: “Será que o amigo X vai querer ficar em casa em vez de irmos para a praia? Conseguirei, desta vez, partilhar as tarefas com o meu marido? Será que a Y se vai embebedar, outra vez, todas as noites? Será que desta vez vai correr tudo bem? Como conseguiremos tolerar os meus sogros tantos dias”? Estas são apenas algumas das muitas perguntas interiores que nos podem invadir a mente sempre que vamos passar férias em grupo. Realmente, grande parte das vezes, esses momentos fora da nossa «terra natal» que deveriam ser de alegria e de descanso, não o são. E, quando terminam, estamos prontos para ir novamente de férias – na verdadeira aceção da palavra.

Porém, independentemente de haver casos em que a própria estrutura familiar, ou do grupo, já possa ser agitada e de pouco servirem os conselhos exteriores, acredite que existem algumas formas de gerir melhor toda essa situação e de se conseguir aproximar daquilo que realmente deseja e merece: umas férias tranquilas! Portanto, e tendo em conta que todo um certo bulício pode começar aquando dos preparativos das mesmas, seguem aqui algumas das melhores dicas mindful para gerir melhor esse período, que contempla o antes, o durante e o depois das férias.

Antes das Férias – Refletir e Planificar

Fase da reflexão

É importante lembrar-se do seguinte: se marcou as férias com essas pessoas é porque já as conhece e gosta delas ou, se não as admira muito e elas vão nesse «grupo», é porque alguém de quem você gosta – e vai consigo – tem uma ligação com as mesmas. Como tal, respire fundo e tente relaxar desde já. É essencial manter a calma logo nesta fase, de forma a não começar a criar nem expetativas a mais nem a menos. Até porque aquilo que para uns é óbvio para outros pode não o ser. Daí a comunicação ser fundamental em qualquer tarefa de grupo, nomeadamente a tarefa de «ir de férias».

Práticas a executar: habitue-se a fazer 3 inspirações e respetivas expirações, várias vezes ao dia, de forma calma e tranquila, enquanto diz interiormente: “Eu estou bem, estou calma, está tudo bem”. Ouça, também, o nosso podcast I e II, no site da Frederica, ou outro momento meditativo que goste. Aposte, similarmente, em momentos meditativos de autocompaixão ou compaixão como os «Tonglen». Estes exercícios ajudam a gerir melhor a ansiedade, o stress, a empatia e a tolerância. Relativize. Todos têm um objetivo em comum: divertir-se e descansar. Por essa razão, é importante, antes de mais, fazer uma reunião com eles, de forma a poderem conversar sobre como desejam passar esses dias. Esta reunião deve ser feita mesmo se for sozinha com o/a seu companheiro/a.

Atenção: por mais que lhe apeteça, não aproveite a ocasião para falar sobre o que “aconteceu o ano passado” de forma demasiado depreciativa. Reúna-se alegre e calmamente – pode combinar um jantar. Tente ficar bem-disposta e o mais descontraída possível, para que a sua postura sirva de inspiração a todos. Explique que, desta vez, deseja que todos se divirtam e descansem e que não há nada melhor do que conversarem já sobre o que pretendem das férias e sobre as expetativas que têm, inclusive uns dos outros.

Fase da planificação

Se o grupo estiver em harmonia («bem-disposto») comece a falar de si. Por exemplo: “Este ano gostava muito de ir dia sim, dia não, à praia. Gostava de intercalar com a piscina. Importam-se? Não me importo nada que à noite vão para aquela feira que tanto gostam. Fico feliz com isso. Também gostava de saber se alguém, desta vez, poderá partilhar as tarefas comigo. Ia ser o máximo! Ficávamos todos menos cansados. E tu, querido: achas que para além disso podes ficar com os meninos nas tardes em que vou para a piscina? Eu fico com eles quando fores jogar ténis/golfe/bola...”.

Nesta fase irá ouvir o feedback da sua intervenção, por isso, respire fundo! Pode acontecer, como bem sabe, ouvir algo do género: “Mas nós queremos ajudar, tu é que não deixas…” ou “Eu ajudei sempre! Não te lembras?”, etc. Antes de responder na defensiva, pondere: terão um bocadinho de razão? Pense um pouco. Pode acontecer e não há qualquer problema nisso. Repare: quem vai de férias são as vossas pessoas e não os vossos egos. Esta conversa não tem o objetivo de se transformar numa competição com os outros, nem consigo mesma.Se achar que até podem ter um pouco de razão, diga, por exemplo, algo do género: “Sim, é provável que, às vezes, faça isso. Vou esforçar-me para não o fazer. Vão esforçar-se para que haja essa partilha (ou o que quer que seja que se pretende)?”.

Ouça com atenção as expetativas dos outros, ainda que os mesmos sejam os seus filhos, o seu cônjuge ou o amigo irritante do melhor amigo. Faça escuta ativa. Ouça, de verdade e com o coração. Tente não julgar nem criticar. Canalize a sua energia para ajudar a gerir momentos, inclusive com algumas trocas de tarefas e de entreajudas.

Conversem, também, sobre o dinheiro cada um de vós pretende (ou pode) gastar e o que pensam levar na bagagem e ter na casa de férias. Aproveite para tecer elogios aos presentes, lembrando as qualidades de cada um.

Durante as Férias – Executar, Entregar & Descansar

Não é preciso dizer que, obviamente, algumas das pessoas que disseram que vão ajudar mais ou que “desta vez” não irão fazer “aquilo” que tanto incomoda, talvez não consigam fazê-lo como deseja. Por isso, não deixe que as suas expetativas cresçam demasiado para que, posteriormente, não fique deprimida ou irritada. Abra o coração e relaxe. Entregue.

Fase de executar

No dia em que chegarem, lembre o grupo (sorrindo!) do que combinaram fazer/ter/ser nestas férias. É muito importante que, logo nesse dia, tente cumprir o que disse que fazia para que a vejam como um exemplo a seguir e tenham mais motivação para cumprir as suas próprias promessas.

Práticas a executar: Continue a fazer três inspirações e respetivas expirações, várias vezes ao dia, de forma calma e tranquila, enquanto diz interiormente: “Eu estou bem, estou calma, está tudo bem”.

Fase de entregar

  • Tolere. O clichê “ninguém é perfeito” é uma realidade, assim como o “não conseguimos agradar a todos” também o é. Por isso, aquilo que puder desculpar, desculpe. O que puder dizer de forma simpática em vez de irritada, diga. Depois de tentar fazer o seu melhor, descanse, entregue o assunto à vida, ao universo.
  • Liberte-se! Para além do obvio que está ligado à saúde e/ou sobrevivência, como o facto de apostar no protetor solar, chapéu na cabeça, hidratação constante do organismo, etc., desligue-se do que puder. Se não conseguir arrumar a casa não arrume; se não conseguir fazer uma refeição mais elaborada não faça.
  • Desapegue-se um pouco dos outros, daquilo que estão a fazer ou a ser e ponha o foco no que pretende das suas férias, aproveitando todos os momentos que tiver. Encare como aprendizagem o que correr menos bem.

Fase de descansar

É provável que já nem se lembre bem o que significa descansar. Normal. Depois de tantos meses a trabalhar dentro e fora de casa e a querer chegar a todo o lado, esta pode ser uma parte bastante difícil, ainda que esteja tudo a correr bem com o grupo. Importante: ao parar, pode acontecer não se conseguir desligar daquilo que a preocupa e até pode ficar a sentir-se mais deprimida ou ansiosa. Eis o porquê: a nossa mente não pára de pensar só porque sim. A nossa mente foi feita para pensar e obter conhecimento e não cessa a sua atividade só porque assim o decidimos de repente. Os pensamentos são um sinal de que estamos vivos e isso é bom. O cérebro trabalha por substituição. Logo, se não fizer uma troca de pensamentos (de foco) há uma zona da mente que se chama Default Mode, modo padrão, que se aciona automaticamente e que deixa vir ao cimo tudo o que é preocupação e ansiedade.

Por isso, planeie, nem que seja por alto, o que pretende fazer nos momentos em que poderá ficar «sem fazer nada»: ler um livro, fazer uma meditação, ouvir uma música ou fazer outra coisa qualquer que a distraia. Apreciar os pormenores de uma paisagem, como se fosse a primeira vez que está a ver tudo o que a compõe, enquanto inspira e expira devagar, agradecendo o facto de estar ali, viva, naquele momento, pode ajudar bastante.

Lembre-se: de uma forma geral faz sempre o melhor que pode, todos os dias da sua vida. Às vezes esse melhor pode é não ser o que pretendia. Merece e precisa de descansar. Por isso, permita-se fazê-lo, sem tensão ou culpa. Repita esta frase as vezes que forem necessárias: “Eu permito-me descansar. Eu mereço!”. Se não se cuidar bem, ninguém o vai fazer por si.

Depois das Férias – Refletir & Mudar

Fase de refletir

Nesta fase é importante continuar a relaxar em casa. Ainda que entre ao serviço de imediato, seja ele dentro ou fora do lar, não permita que o espírito de férias desapareça de repente. Continue a fazer os afazeres o mais calmamente possível. Tente não se focar, apenas, naquilo que correu menos bem. De certeza que teve momentos tranquilos (por poucos que possam ter sido) e até divertidos. Lembre-se deles e sorria, reviva-os no seu coração e insira-os na sua rotina durante o resto do ano, sempre que possa.

Quanto aos aspetos menos bons, questione-se: “Poderia ter feito algo diferente para evitar aquela situação?”. Se sim, numa próxima vez aplique a aprendizagem. Se não, relaxe e tente esquecer porque naquele momento não foi possível. Lembre-se de que é humana.

Fase de mudar

Comece a descansar mais e a aplicar em si tudo aquilo que sabe que tem de começar a fazer para alcançar um maior equilíbrio. Não lhe vale de nada ler livros ou ver vídeos de autoajuda se não começar a praticar. Portanto, comece já a fazer exercício físico (caminhada conta!) e a experimentar práticas como o yoga, mindfulness, reiki, etc. Ganhe força para que, para o ano, consiga dizer: “Não, não quero ir de férias convosco”. Mas, até lá, divirta-se e ame-se.


Este artigo foi originalmente publicado na Revista Frederica Nº1.


Vanda do Nascimento é terapeuta, formadora e instrutora de Mindfulness na Escola de Mindfulness Essencial, fundada por si em 2016. Começou, em 1997, a sua carreira como professora, ao licenciar-se em Educação. Nessa mesma data, também iniciou os seus estudos em Reiki, Meditação e Atenção Plena. Posteriormente, enveredou pelos caminhos da Psicologia e aprofundou, ainda mais, a temática do Mindfulness, de forma a continuar a sua luta no controlo do stress e da ansiedade.

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