É tão bom quando um relacionamento funciona! É o milagre que acorda a alma, é quando “quarta-feira parece domingo” e conseguimos fazer coisas que nunca imaginávamos conseguir fazer. É quando o olhar tem mais brilho e nem a gripe mais forte nos leva à cama. Mas quando não funciona, e nós não queríamos, quando há um desfecho triste e inesperado, é uma bomba nuclear que rebenta dentro de nós, nos arrasa, nos adoece e nos deixa com a vida parada como se ficássemos temporariamente a viver numa noite onde o dia não mais vai raiar.
Um relacionamento amoroso que funcione é muito importante, é primordial para a nossa saúde emocional e, obviamente, geral. Por isso, vale a pena tentar, tentar sempre com o maior carinho possível, seguir dicas, conselhos e ter bom senso para lutar contra um qualquer fim descabido. Contudo, a base tem de lá estar. Os dois têm, mesmo, de gostar um do outro, de ter a certeza que se amam, ainda que a forma de energia de amar de um seja ligeiramente diferente da forma de energia de amar do outro. Havendo isso, tudo se torna mais fácil, dentro do difícil, que é manter um bom relacionamento com a pessoa amada.
É uma arte, sim! Porque requer paciência, perseverança, amor, carinho e tolerância, para não falar das cedências (sem serem exageradas) que ambos temos, de vez em quando, de fazer um pelo outro. Requer que consigamos olhar para dentro de nós e fazer uma aceitação daquilo que também não estamos a fazer (ou ser) da forma mais correta possível. Como tal, aqui seguem algumas dicas, para relembrar o que deve fazer com quem tem ao lado na sua vida:
Lembre-se do porquê de se ter apaixonado por essa pessoa.
Faça uma pequena viagem ao passado e tente lembrar-se daquilo que mais a encantou. Volte ao presente e observe se tem ajudado o seu par a manter essas qualidades que tanto apreciou. Ou se, sem querer, começou a tentar mudar algo, para que a pessoa se moldasse mais a si. Analise sem constrangimento.
Tente recordar-se do percurso de vida, em conjunto, que já fizeram até agora.
Que bons e maus momentos, na construção da vossa vida (casa, emprego, filhos, etc.) passaram juntos? Não avalie agora quem fez mais ou menos. Vai haver sempre um dos lados que, por natureza, vai ser sempre mais proativo e otimista. Tente ficar-se, apenas, por uma análise de companheirismo. Houve muito desgaste emocional e físico por causa da luta da vida no dia a dia? Um eventual cansaço também pode vir daí e nada ter a ver com a diminuição do vosso amor. Tenha isso em consideração e não seja tão exigente nem com a pessoa nem consigo própria.
Lembre-se dos momentos em que se apoiaram mutuamente, cada um à sua maneira.
Ainda que um possa ser mais de ajudar materialmente ou fisicamente e o outro seja mais de ajudar com palavras de otimismo e força moral, não faz mal. Pelo contrário. Vocês estão juntos, precisamente, para se completarem. Não para competir! Se puder lembre a pessoa amada de algum desses momentos e agradeça o facto de ela – ainda que tenha sido pouco – ter feito ou dito algo que ajudou um bocadinho (ou muito) no desenrolar ou na solução de um determinado problema da vossa vida. Elogie e agradeça sempre que possa.
Ponha na balança o que gosta muito na pessoa e o que não gosta nada.
Vamos partir do princípio que, como ama essa pessoa, vai tolerar um pouco a parte do que não gosta nada. Porém, já falou com a pessoa sobre isso? Sem julgar, criticar ou com ironia? Falou de forma calma, simpática e como observadora? Há hipótese de ela mudar um pouco? Se não houver, há forma de tolerar aquilo que essa pessoa nunca lhe vai dar? Pois! É que, no amor, há que conseguir perceber que existem coisas que nunca vão mudar na outra pessoa. Aceita? Pense de que forma poderá ultrapassar essa questão. Você também tem, decerto, aspetos muito próprios que nunca vão mudar.
Acha que estão a evoluir em caminhos diferentes da vida?
Sente que estão a desejar coisas, sejam elas físicas, materiais, culturais ou emocionais completamente diferentes um do outro? Dialogue sobre isso e tente ver se, apesar de não se notar muito, existe algum lugar-comum onde se encontram, onde podem partilhar entre os dois essas temáticas ou desejos. Isto, porque, há sempre um lugar-comum: como por exemplo sentarem-se a almoçar ou a lanchar enquanto falam sobre essas vossas coisas. Um momento em que um ouve o outro e vice-versa. Mas com escuta ativa, atenção e carinho.
Há algum aspeto da vossa relação que esteja completamente diferente daquilo que era?
Converse sobre isso, mas sem julgar ou criticar, sem se focar em quem tem razão ou em quem mais teve a culpa, porque isso não leva a lado nenhum. O que interessa é pôr o foco na responsabilização, naquilo que se pode fazer hoje para melhorar esse aspeto. Não entre no jogo de culpar a outra pessoa por tudo.
Controle os ciúmes.
Este aspeto tem destruído milhares de relacionamentos. Falamos não só dos ciúmes por medo de perder a pessoa para outra, mas também dos ciúmes ligados ao sucesso que o outro possa ter, tanto a nível profissional como pessoal. Tente aceitar o sucesso da outra pessoa e confie. Não perderá o ente amado só porque ele tem muito sucesso. (Ainda que, num caso de sucesso muito grande, a outra pessoa se possa perder no brilho do ego, não desista dela e, com calma, traga-a de volta à realidade. Com amor e paciência, se houver amor verdadeiro, ela virá).
Confie e dê espaço à pessoa amada.
O apego exagerado é terrível, sufoca e afasta! Como tal, não vale a pena. Acredite. Quanto mais encurrala a pessoa mais ela tem vontade de voar. Dê-lhe algum espaço. Modere os telefonemas e mensagens por dia, e não implique se a pessoa em vez de ver dois filmes consigo só consegue ver um. Deixe-a respirar para ela poder querer ficar ao pé de si.
Controle o egoísmo. Não ignore as necessidades da pessoa amada.
Não é fácil, às vezes, darmos por isso, mas acontece muito um dos elementos do casal colocar as suas necessidades em primeiro lugar, antes das do outro. Isso, à semelhança dos ciúmes, também tem sido razão para terminar relações. O egoísmo é terrível! E acontece muito quando um dos elementos do casal não se expressa ou não se queixa. Logo, o outro passa por cima com facilidade. Reflita naquilo que já percebeu que são as necessidades do seu amor e veja se também lhe vai dando prioridade.
Dedique mais tempo à pessoa amada.
Quando falamos de dar espaço referimo-nos a um espaço q.b. Há quem exagere e deixe a outra pessoa sentir-se muito só. Com o passar do tempo, os hábitos vão-se implantando e parece que aquela pessoa já é o chamado dado adquirido. Faça uma reflexão e tente reajustar o seu tempo. Vai ver que consegue e irá ser muito bom, inclusive para si. Algumas desculpas de traições baseiam-se neste aspeto.
De resto, ame e permita-se receber amor, nunca se esquecendo de se amar a si primeiro. E confie. Quem tiver de ficar consigo ficará. O Universo funciona maravilhosamente bem. Força. Estamos consigo.
Vanda do Nascimento é terapeuta, formadora e instrutora de Mindfulness na Escola de Mindfulness Essencial, fundada por si em 2016. Começou, em 1997, a sua carreira como professora, ao licenciar-se em Educação. Nessa mesma data, também iniciou os seus estudos em Reiki, Meditação e Atenção Plena. Posteriormente, enveredou pelos caminhos da Psicologia e aprofundou, ainda mais, a temática do Mindfulness, de forma a continuar a sua luta no controlo do stress e da ansiedade.